domingo, 19 de setembro de 2010

NO BOTECO DO TELECO

NO BOTECO DO TELECO


Quando se pergunta pra ele
o que tem para comer,
Ele responde quase cantando:
"Tem nada não, meu irmão"...
_ E tem batata frita Teleco?
_ Tem não...
_ Ah, mas um "feijão amigo" você tem que ter!
_ Tem não...
_ HUM... E uma linguiça no pão?
_ Tem não...
_ Mas assim não dá, Teleco! Você só tem coisa pra beber, e pra comer, como é que fica?
_ Tem um churrasquinho de gato, bom mesmo, lá na porta do teu barraco!
E assim Teleco, foi ganhando fama de desaforado, mas ele só respondia, se fosse provocado...

Um dia, uma moça nova na vizinhança chegou e perguntou:
_ Seu Teleco, não é? Bom dia, eu sou nova por aqui, e queria saber: Tem vaga para cozinheira no seu boteco?
_ Tem não...
_ Não quer uns salgadinhos, pra colocar aqui no balcão?
_ Quero não...
_ E mulher, o senhor tem? Quem cozinha pro senhor?
_ Tenho não...
_ O senhor só responde assim, com poucas palavras sempre?
_ Não...
_ Quer saber? Já cansei! Pelo jeito tem preguiça até de transar!
_ TENHO NÃO... QUER EXPERIMENTAR?
_ Quero nãããão...

A mulher saiu chispada dali, com o desaforo do Teleco. Mas o que ela não sabia, é que ele era macho até dizer chega! E na cama, não tinha preguiça de fazer nada, seu lema era fazer uma boa "comilança", e nessa hora ele dizia então:
_ Quero sim... Tem sim...Vem pra cima de mim...

Fátima Abreu

Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=151512#ixzz0zz12zGCF
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

É MELHOR COM DOIS PÁSSAROS NA MÃO...

Candinha, era a "fofoqueira mor" da vizinhança.
Não bastasse o nome, de Cândida, a "Candinha", era pelo "disse me disse", mesmo...
Seu lazer preferido era tomar conta da vida alheia, e parecendo uma repórter, estava em todos os lugares para saber de tudo que ocorria por ali, depois espalhava os dados colhidos pela vizinhança, que sempre procurava Candinha para saber das novidades do bairro.
Ela realmente fazia até um ato social: crianças perdidas, adolescentes que fugiam de casa, eram encontrados pelas indicações e observações de Candinha! Sabia sempre com quem um ou outro andava, isso a levava a descobrir até esconderijos de jovenzinhas que queriam cair no caminho errado... Foi uma vez evitar que um inocente parasse na prisão, mas a confusão...
Ela foi testemunha ocular de um delito realizado por um jovem de seus 23 anos, mas que a culpa veio a ser dada ao irmão dele. Quando Candinha soube do ocorrido, foi se apresentar na delegacia, e contou tudo para o delegado:
_ Não doutor, o Sr. me desculpe, mas prendeu o irmão errado.
_ E como a senhora sabe disso, D. Cândida, de quê mesmo?
_ Cândida dos Anjos, seu delegado, prazer... Mas voltando a situação do rapaz: Eu vi tudo, com esses olhos que não deixam nadinha passar!
_ E como foi então?
_ Olha, delegado, esse que o senhor mandou prender, se chama Fred, que acho até que deve ser apelido de Frederico... Nunca soube na verdade...
Mas ele estava na minha casa, namorando a minha sobrinha, na hora do roubo da quitanda do português... O outro irmão é gêmeo desse aí, e eu vi lá no local, é natural que o senhor se enganasse, não viu ainda os documentos dele?
_ Para dizer a verdade ainda não, porque não faz nem 15 minutos que o prendemos.
_ Pois então, olha lá! Vai estar escrito Fred, Frederico, não sei, como disse antes... Mas o outro irmão, que é realmente ladrãozinho barato, se chama Barney, ou será Barnabé? Será que Barney é só apelido, para um nome tão feio? ACHO QUE OS PAIS DELES COLOCARAM ESSES NOMES POR CAUSA DA TV...Enfim, quem vai saber?
_ A senhora até deveria saber disso, D. Candinha. Pelo que ouvi dizer por aí, a senhora é a pessoa mais bem informada desse bairro...
_ Qual nada, seu delegado! Isso é o que essa gente maliciosa acha...Gente que não tem o que fazer, e só quer fofocar a vida dos outros, o senhor sabe como é né?
_ Sei D. Candinha, sei...
Sendo assim, vou confirmar os documentos, e a senhora por favor assine aqui, o seu depoimento desse pequeno delito na quitanda do português.
_ Pois saiba que eu tenho muito prazer de ajudar a polícia, e também não ia deixar um inocente pagar pelo erro do irmão... Ainda mais sendo namorado da minha sobrinha, a pobrezinha, tá chorando que dá dó, lá em casa, por conta disso tudo...
_ Muito bem, caso esclarecido! Aguarde mais um pouquinho só, que já vou liberar o rapaz, e ele pode seguir com a senhora, para acalmar sua sobrinha.
_ Tá certo, seu delegado. Vou ficar aqui mesmo esperando pelo Fred...
O delegado saiu, tomou as devidas providências, e voltou, já trazendo o rapaz livre novamente.
Mas para espanto de D. Cândida, não era o Fred!
Era mesmo o tal Barney!
Ela arregalou seus olhos verdes, e quis dizer alguma coisa, mas engasgou, coitada!
O delegado trouxe um copo d'água e ela foi se recuperando do susto... Abriu a boca devagar e disse:
_ "Casa de ferreiro, espeto de pau", seu delegado... Pelo jeito, minha sobrinha anda muito espertinha... Está "pegando" os dois irmãos, e eu nem sabia...Mas saiu à tia! Eh, danada!!!

Fátima Abreu


Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=143223#ixzz0zz0XyNlX
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives