segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

NOSTALGICAMENTE FALANDO...


Ai, que saudades dos tempos de menina!

Quando olhava para o céuprocurando carneirinhos brancos, entre as nuvens...

Uma vez, me pareceu ser o rosto de Jesus.Nunca esqueci esse momento:

Ali, sentada no degrau da casa de vovó Emília, a minha avozinha portuguesa...

Olhava para o céu deslumbrada com tanta beleza! Sem meio mas, vi as nuvens se transformarem na face de Jesus, balançava o ombro do meu irmão Paulo, para que ele olhasse também, mas qual nada! Ele não percebia, mas seria só eu que aquilo via?


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Mas a saudade é pura nostalgia... Tempos que ficaram para tras, e quando vejo um filme daquela época me remoto a tempos idos, sentindo na pele até um arrepio...Como se pudesse me transportar para lá...

Aquela época, aquele jeito de falar, sim porque agora está tudo mudado: Cada geração fala de uma maneira!

Me lembro bem, se dizia assim:" arrastando uma asa" (estar gostando de alguem)" hum, tá bom pra dedéu" ( está bom demais ).

E muitas outras expressões, daqueles tempos de criança...

Ah, mas tinha mais coisas:O armário de cozinha, era CARIOCA, lembro bem da vozinha dizendo assim para o vovô:" Põe ali na CARIOCA, meu velho"...

O aparelho que tocava discos, era VITROLA (UM MÓVEL DE MADEIRA LUSTROSA, BONITO, PEÇA DE DECORAÇÃO EM UMA SALA)...

Aliás, nas salas haviam sempre o mesmo jogo, com 2 poltronas e um sofá, que chamavam de "sumiê".

E uma mesinha para colocar a TV (QUE NAQUELA ÉPOCA NEM TODOS OS LARES TINHAM).Tantos nomes diferentes das coisas!

As mulheres gostavam de usar anagua! NOSSA, QUANDO LEMBRO QUE MAMÃE USAVA AQUILO, FICA UM PASSADO AINDA MAIS DISTANTE!E os homens então? CALÇA DE NYLON!

Tempos que guarda chuva, eles chamavam de chapéu:" Não vai levar chapéu? Olha que vai chover"...


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Sabem mais de outra coisa? Naqueles tempos éramos mais felizes!Podia-se ver as crianças na calçada, em noites de verão, brincando de roda, pique, coisas assim...As pessoas se falavam mais, ficavam do lado de fora do portão conversando coisas simples do dia a dia, ou uma notícia que chamou atenção durante o REPÓRTER ESSO, mas pouco depois, substituído no coração dos brasileiros, pelo JORNAL NACIONAL...

As novelas eram "água com açúcar" e se aparecia um beijo mais acalorado, as mulheres comentavam:

" Nossa isso está ficando uma perdição"Ah, se minha vozinha estivesse viva e assistisse tudo que a TV de hoje mostra!

E meu avô então...

Certo que ele era um homem bem a frente de seu tempo, e até vou contar uma coisa para vocês:

Muitas das "profecias" dele, se realizaram para o mundo de hoje!

Não se espantaria com nada que está acontecendo no mundo atualmente, ele dizia:" VAI CHEGAR UM TEMPO QUE VOCÊS VÃO TER QUE PAGAR PARA VER TELEVISÃO, PARA BEBER ÁGUA, E PARA TUDO QUE HOJE VOCÊS NÃO PRECISAM PAGAR"...

O HOMEM VAI DESTRUIR O MUNDO, E QUEM VIVER VERÁ!"

Era assim que vovô filosofava na cadeira que ele sentava na cozinha, esperando o almoço que vovó preparava...


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Aqueles tempos eram muito bons, as crianças tinham poucos brinquedos, então inventavam brincadeiras de rua...

E mesmo sem tecnologia digital nenhuma, tudo era diversão!

MAS SE VOCÊS LEITORES, PERGUNTAREM A UMA CRIANÇA DE HOJE, SE ELA QUER BRINCAR NA RUA, OU QUER FICAR NA INTERNET JOGANDO, A RESPOSTA É UMA SÓ: INTERNET!

É o mundo mudou, as crianças acompanharam essa mudança...

E eu que até hoje me encanto quando passo por uma loja de brinquedos e vejo cada boneca mais linda que a outra!

E COMO PARA MIM FOI DIFÍCIL GANHAR UMA BONECA DA ESTRELA, PORQUE ERAM MUITO CARAS NA ÉPOCA! Quando ganhei a minha boneca "MÃEZINHA", que tinha saído naquele fim de ano, foi o dia mais feliz de minha infância!Um presente exclusivamente meu! E não dividido com meu irmão Paulo, como tinha sido no ano anterior, como o velocípede, que hoje chamam de outros nomes como: Motoca, velotrol, etc...


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MEU IRMÃO GANHOU UMA SERIE DE BONECOS DA MARVEL, PORQUE OS DESENHOS PASSAVAM ASSIDUAMENTE NA TV, E OS MENINOS FICAVAM DOIDINHOS PRA TER:HULK, CAPITÃO AMÉRICA, THOR, PRINCIPE SUBMARINO, HOMEM ARANHA, ETC...

Enfim...Outras épocas, outras músicas, algumas ainda escuto em programas de rádio que fazem aquele tipo: GOOD TIMES...

Mas na lembrança o que mais fica era felicidade de ir todos os anos no FESTIVAL INTERNACIONAL DA CRIANÇA, que era no PAVILHÃO DE SÃO CRISTOVÃO, aqui no Rio... Sempre no fim de ano, com achegada do PAPAI NOEL


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Sem falar nos passeios a FESTA DA PENHA, no mês de outubro, nas matinês dos cinemas, ou ainda quando íamos a QUINTA DA BOA VISTA, em alguns finais de semana, quando não dava praia...Mas eu cresci, e para relembrar apenas fecho os olhos... Escuto a música da época ou abro um álbum de família...

SAUDADES DE TODOS AQUELES QUE JÁ SE FORAM, E FIZERAM PARTE DESSA HISTÓRIA...

Essa é uma homenagem à eles:

VÓ EMÍLIA, VÔ EDUARDO, TIO ORMIL, MEUS PADRINHOS: WANDA E DUDU E MUITOS OUTROS QUE EU CONHECI E JÁ ESTÃO EM ALGUMA COLÔNIA, SOBRE A ORBE TERRESTRE...


FÁTIMA ABREU

AH, BONS TEMPOS!


Distante...Lá estava a menina com o pensamento perdido.


Seu mundo era pura ficção, fantasiava lugares paradisíacos, viagens impossíveis, em terras mais distantes que seus pensamentos...


Personagens inventados pela sua cabecinha imaginativa: seres de pura luz, e alguns folclóricos, outros mitológicos: sereias, centauros, deuses do Olimpo...


se imaginava uma feiticeira, ou um gênio saído de uma lâmpada, com poderes especiais que poderia deixar quem quisesse feliz, com apenas uma piscada de seus olhos... Como via em séries de Tv, da época...


Ela percorria o caminho até Campo Grande, no RJ, pensando tudo isso, porque era bem longe de sua casa, e a viagem dava para imaginar e imaginar cada vez mais coisas...


Iria visitar o padrinho de seu pai: Ele já era bem velhinho, tinha lá seus 80 anos, para a geração dos idosos da terceira idade atual, isso não representa nada, porque eles estão em plena forma, mas naquela época, velho, era velho mesmo...


A imagem do idoso, era aquela de estar sentado na varanda de sua casa, lendo um jornal, e a companheira de muitos anos, fazendo tricô ou crochê em uma cadeira de balanço ao seu lado...


E era dessa forma que eles encontraram o casal de velhinhos...


Na varanda da casa, aguardavam a chegada da família visitante...


Quando o sino bateu, o padrinho do pai dela, veio abrir o portão de madeira baixinho, que mais parecia de casa de anão... Foi isso que a menina pensou rapidamente...


Se abraçaram e deram beijos nos rostos, em saudação amistosa. Entraram no lindo quintal, bem cuidado pelas mãos de D. Albertina e de "Seu Djalma"...


ELES TINHAM DOIS FILHOS, E QUATRO NETOS, QUE LÁ NÃO APARECIAM PRATICAMENTE NUNCA, SÓ O PAI DA MENINA VINHA VISITÁ-LOS.


Afinal os laços entre padrinhos e afilhados, eram muitos fortes naquela época, estamos falando do final dos anos 60 e começo dos anos 70, onde a sociedade era mais unida e os laços de ternura eram visivelmente mais estreitos...


Para falar a verdade, era mais que isso: era coisa de muitas histórias paralelas que seu avô viveu na Marinha Mercante, com o padrinho de seu pai, o velho Djalma...


Essas aventuras dos dois marinheiros jovens na época, eram contadas para o pai da menina, desde muito novo, o que gerou uma admiração ao seu padrinho, tão ligado aquela família.


Era natural que já que os parentes próximos do "Seu Djalma" não vinham visitá-lo, o afilhado, pai da menina, tido como uma segunda família, fosse realizar as visitas, várias vezes durante o ano...


E lá estavam:


Observando as árvores frutíferas do extenso quintal, e o jardim, além de alguns patos que estavam em um lago artificial, feito pelo dono da casa...


D. Albertina covidou-os para adentrar a pequena sala, onde em uma mesa, poderiam ser vistos porta retratos com seus filhos e netos separadamente.A menina observava cada detalhe que lhe passou despercebido desde a visita anterior...


Os braços das poltronas estavam cobertos com toalhas de crochê, alvas, mas com suave toque de anil. Era muito usado nqueles tempos o anil, para dar um toque e "nuvem do céu" nas toalhas e afins...


A conversa entre os adultos continuava, e o pai da menina, não deixava de expressar a sua preocupação com o fato dos idosos estarem ali, em um bairro tão longe, afastado do centro do RJ, com a idade já pesando, era realmente muito difícil a chegada do socorro, caso exigisse um momento de resgate...


Estamos falando de um tempo em que Campo Grande, não passava de ruas de chão barrento, e chácaras onde leiteiros com suas vacas, passavam na porta das casas vendendo leite, coalhada e queijo...


As lojas eram poucas, as chamadas "tripeiras" vendiam carne de porco e miúdos de boi, e existiam alfaiates, tintureiros e sapateiros, nas esquinas...


Profissões, que hoje em dia, quase não vemos por aí...


Outro tempo, outra realidade...


Sentaram-se à mesa para o almoço tradicional de domingo:


Carne assada, com batatas "coradas", macarrão, arroz, feijão preto, farofa e frango assado...


De sobremesa, teria certamente uma compota de frutas, que era a especialidade de D. Albertina.


Da vez anterior, o doce servido, era de figo, e a menina não comeu, ela gostava mesmo era de compota de goiaba, doce de abóbora com coco, ou ainda, de ambrosia...


Depois disso o café...


Ah, isso era realmente, o melhor!


Desde muito pequenina, a menina já era "viciada" em café! Não podia passar um dia, sem tomar um cafezinho...


Sentia até dores de cabeça, se não tomasse, tal a sua dependência pela cafeína...


Foram para a varanda dos fundos conversar mais um pouco, e ficou tratado que o afilhado do casal de velhinhos, o pai da menina, iria procurar um retiro para que eles ficassem, bem mais perto do centro do RJ...


Onde seriam visitados todos os fins de semana, e seriam monitorados por enfermeiros e médicos da instituição...


Além é claro, da integração social desse lugar, com mais pessoas de igual idade para conversarem e distrair as mágoas do passado...


O lugar oferecia um teatro, onde os próprios idosos eram os atores e atrizes, além de atividades de xadrez, carteado para os vovôs e crochê e tricô para as vovós...


No Natal, faziam um evento muito bonito ali:


Unindo as famílias dos idosos, em uma ceia, tendo muitas atividades realizadas por eles, como o coral natalino, por exemplo...


Tudo acertado nos menores detalhes. Assim foi concluída a mudança dos velhinhos, para o asilo no Caju, com um intervalo de dois anos, entre a conversa daquele dia, até a chegada deles no retiro.


Os filhos deles teriam que aceitar a proposta, e no início foram relutantes, mesmo não sendo presentes na vida dos idosos...


Mas com o tempo viram que essa era mesmo a melhor solução, ali estariam bem cuidados e teriam assistência médica imediata.


Durante muitos anos, a menina e sua família, ainda visitaram o casal no tal asilo, e os velhinhos duraram bastante...


D. Albertina, se foi primeiro, e depois de mais uns três anos, o "Seu Djalma" se foi também...


O compromisso agora estava acabado...


Mas a menina agora, mulher de mais de quarenta anos, sente saudades daqueles momentos em Campo Grande, com todas aquelas coisas que não se vê mais... A nostalgia é sua companheira...


A menina de antes, é essa escritora que aqui narra.




FÁTIMA ABREU


A CURIOSIDADE MATOU O GATO...


A CURIOSIDADE MATOU UM GATO...

O gato pardo conheceu o gato magro.Andavam sempre juntos agora, pela noite afora...

De telhado em telhado, pulavam.

De lata em lata, reviravam o lixo...

Procuravam comida, esfomeados...

Encontraram uma sacola pendurada em um portão;

Com dizeres que o gato magro, não entendia...

Mas o gato pardo, ler sabia...

E disse ao amigo:

_ Aí diz: "AOS GATOS DE PLANTÃO, NÃO MEXAM NESSE LIXO NÃO!"

_ Mas sem tocar, como vamos ficar?

_ Ora meu amigo, isso é coisa de por medo, mas não deve ter nada ali, que me faça desistir!

_ Então vai na frente, que eu olho se vem gente...

_ Está bem, lá vou eu!

E dizendo isso, o gato pardo pulou na tal sacola, rasgando-a sem demora...

O gato magro foi então ao seu encontro. Mas, quando o gato pardo conseguiu abrir a sacola, lá estava uma pistola...

Os gatos se entreolharam assustados. Quem faria tal coisa? Colocar no lixo, uma arma...

Só se na casa havia algum assassino, e queria despistar, colocando a pistola, onde ninguém fosse desconfiar...

Isso pensou o gato pardo, e interrompendo seus pensamentos, o outro gato, falou naquele momento:

_ E agora? Se essa arma está carregada, podemos nos machucar... É melhor então irmos embora, já não é boa idéia, aqui ficar...

_ Ora, ora meu amigo está com medo? Pois não tenho medo não...

Dizendo isso, pegou a arma na mão...

Um disparo foi ouvido, e o gato caiu em um só gemido...

O outro gato magro, salvou-se ainda, quando seu amigo gato pardo, caiu ao seu lado...

Triste ficou, com o destino do amigo de andanças, mas agora sozinho, enchia sua pança!


Fátima Abreu

O HOMEM QUE VIA ALÉM DOS OLHOS

O HOMEM QUE VIA ALÉM DOS OLHOS...
Januário, tinha apenas 20% de visão, o diabetes causado pelo uso contínuo de corticóides, devido a uma doença, fez com que ele gradativamente fosse perdendo a visão, além das cataratas nos dois olhos..
Mas ele enxergava além da visão natural dos seres humanos:Podia visualizar outras dimensões paralelas, ao orbe terrestre...

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Certa vez, estava ele em seu quarto, quando se sentou na beira da cama, e olhou fixo para um ponto do armário. Dora, sua esposa, perguntou porque fazia isso, ele disse para que ela ficasse quieta uns instantes pois estava vendo uma coisa linda ali!
Dora sentou-se ao lado, e esperou...
Ele colocava a mão direita para o alto, e dizia estar passando a mão do outro lado, em uma dimensão diferente, podia ver a paisagem, podia tocá-la, tudo era muito colorido, mas os tons de laranja e vermelho claro, eram a maioria...
Via montanhas, vales, três luas no céu... Disse que era como uma pintura fresca, gelatinosa talvez, como se fosse a matéria ali, fácil de se desfazer...
Podia sentir tudo que se passava ali, do outro lado, onde sua mão tinha passado. Depois de instantes de contemplação, ele recolheu a mão, e disse ter acabado a visão...

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vezes, ele enxergava épocas distantes do passado da Terra, se via no Império Romano, como um centurião, ou ainda, um monge que vagava por ruas escuras com uma lamparina clareando seu caminho...
Uma vez, disse que estava em pleno deserto do SAARA, e nesse momento ele realmente falou uma língua diferente, que para os ouvidos de Dora, era inexplicável!!!
Mas um caso inusitado, foi quando ele e Dora, foram juntos esperar sua filha do meio, fazer uma ultrasonografia uterina, porque naquela época, ela estava grávida de 5 meses. Eles ficaram do lado de fora sentados enquanto ela fazia a ultra...Ele olhou casualmente para seu relógio, e viu o bebê ali, como se fosse o visor da ultra! E descreveu para Dora, como a neném estava:Com o bracinho direito atrás do pescoço...
Ao sair da sala da ultra, a filha deles, disse:
_ Agora deu para saber o sexo!
Ele respondeu:
_ É UMA MENINA QUE POR SINAL, ESTAVA COMO O BRACINHO ATRÁS DO PESCOÇO, FAZENDO POSE...
_ Pai! Como sabe disso?
_ Eu vi... Apareceu bem aqui no meu relógio...
Um silêncio cobriu aquele momento, se olhavam espantados, a prova ali, nas mãos dela: Abriu o envelope, e a ultra foi olhada, lá estava a menina naquela posição!!!
Mistérios...

Fátima Abreu
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